Por Herika Sotero
Perispírito (do gr. peri, em torno, e do lat. spiritus, alma, espírito) é o envoltório sutil e perene da alma, que possibilita sua interação com os meios espiritual e físico.
O perispírito representa um instrumento ou elemento de ligação entre o Espírito e o corpo físico, o que permite a interação do espírito com os mundos espiritual e físico. Ele apresenta características peculiares à identificação de cada indivíduo, ou seja, está relacionado à história e às conquistas evolutivas da pessoa.
Trata-se do “molde” que determina as linhas morfológicas e hereditárias do corpo físico, preservando os mecanismos de manifestação da lei de causa e efeito.
Sob o impulso da mente espiritual, o perispírito transfere paulatinamente a energia vital para o corpo físico, sustentando-o desde a formação até o completo desenvolvimento, garantindo vitalidade ao corpo físico durante o tempo previsto da reencarnação. É no perispírito onde são encontrados os chakras (pontos de energia de diferentes vibrações).
É através do perispírito que o Espírito, ser imaterial, recebe as sensações do ambiente ou nele atua. Durante a vida, o corpo recebe impressões exteriores e as transmite ao Espírito por intermédio do perispírito, que constitui, provavelmente, o que se chama fluido nervoso. Uma vez morto, o corpo nada mais sente, por já não haver nele Espírito, nem perispírito. Este, desprendido do corpo, experimenta a sensação, porém, como já não lhe chega por um conduto limitado, ela se lhe torna geral. Ora, não sendo o perispírito, realmente, mais do que simples agente de transmissão, pois que no Espírito é que está a consciência, lógico será deduzir-se que, se pudesse existir perispírito sem Espírito, aquele nada sentiria, exatamente como um corpo que morreu. Do mesmo modo, se o Espírito não tivesse perispírito, seria inacessível a toda e qualquer sensação dolorosa. É o que se dá com os Espíritos completamente purificados. Sabemos que quanto mais eles se purificam, tanto mais etérea se torna a essência do perispírito, donde se segue que a influência material diminui à medida que o Espírito progride, isto é, à medida que o próprio perispírito se torna menos grosseiro. Parte da questão 257 de O Livro dos Espíritos, Ensaio teórico da sensação nos Espíritos.
Constituição
"A constituição íntima do perispírito não é idêntica em todos os Espíritos encarnados ou desencarnados que povoam a Terra ou o espaço que a circunda." ("A Gênese". 36a. Ed., Rio de Janeiro: FEB, 1995, p. 279). Sua natureza varia, não só de acordo com a evolução moral da alma, como, também, com as condições da região ou do planeta em que estagia. Explica KARDEC, a propósito, que o perispírito "é mais ou menos etéreo, segundo os mundos e o grau de depuração do Espírito. Nos mundos e nos Espíritos inferiores, ele é de natureza mais grosseira e se aproxima muito da matéria bruta." ("Obras Póstumas". 26a. Ed., Rio de Janeiro: FEB, 1993, p. 45). Ao revés, nos mundos superiores, esclarecem os Espíritos que "esse envoltório se torna tão etéreo que para vós é como se não existisse. Tal é o estado dos Espíritos puros." ("O Livro dos Espíritos", Ed. FEB, cit., it. 186).
Quanto aos Espíritos que estagiam na escola Terra, o corpo perispiritual - a significar agregação de matéria quintessenciada, sustentada pelas linhas de força que emanam da alma - apresenta-se formado, segundo EMMANUEL, "por substâncias químicas que transcendem a série estequiogenética conhecida até agora pela ciência terrana", mostrando-se como "aparelhagem de matéria rarefeita" e "alterando-se de acordo com o padrão vibratório do campo interno". Por isso, nas almas superiores, essa substância que as envolve pode apresentar admiráveis características de tenuidade e luminosidade, enquanto que, nas mentes primitivas, como salienta o Autor citado, "semelhante vestidura se caracteriza pela feição pastosa, verdadeira continuação do corpo físico, ainda animalizado ou enfermiço." (XAVIER, Francisco Cândido. EMMANUEL, Espírito. "Roteiro". 9a. Ed., Rio de Janeiro: FEB, 1994, pp. 31 e 32).
É lícito conceber-se que o perispírito - ao menos, para os Espíritos ligados à crosta terrestre - possa ser o resultado da aglutinação da energia cósmica matriz ("fluído cósmico"), adequada à natureza de nosso planeta, sobre um campo originado da própria extensão energética da alma (força espiritual), comportando-se, depois dessa agregação, como uma estrutura de categoria eletromagnética (de ordem física, pois) e formando o envoltório conhecido como o "corpo da alma", necessário, insubstituível e perene, já de textura definida como material - embora tão sutil, que os Espíritos da Codificação usaram o termo semimaterial para qualificá-la. ("O Livro dos Espíritos", item 135).
Funções do Perispírito
Organizador Biológico: O perispírito é o molde fluídico, a "idéia diretriz", o "esqueleto astral" ou o "modelo organizador biológico" do corpo carnal.
Sabemos que o Espírito acompanhado de seu perispírito começa a se ligar ao corpo físico do reencarnante desde o começo da vida embrionária. Como esboço fluídico que é, o Perispírito, vai orientando a divisão celular, ou seja, a sua união com o princípio vito-material do germe. Como campo eletromagnético que é, pode, por isso, ser comparado ao campo do ímã, quando orienta a disposição da limalha de ferro. (Lex, 1993, p. 49 a 54)
Intermediário entre o corpo e o espírito: Quando o Espírito está encarnado, o perispírito serve como elo entre o Espírito e o corpo. Desencarnado, o perispírito faz o papel de corpo com o qual o Espírito se manifesta.
O Perispírito é órgão transmissor, funcionando como um transformador elétrico, no qual a corrente entra com certa voltagem e sai com voltagem diferente. O corpo recebe a impressão, o Perispírito a transmite e o Espírito, sensível e inteligente, a recebe, analisa e incorpora. Mas podemos ter um trajeto inverso. Quando há iniciativa que vem do Espírito, como ordem para o corpo executar, o Perispírito a transmite para o sistema nervoso, que a define como um impulso motor. Essa ordem vai, através dos nervos motores, aos músculos, que se contraem, obedecendo à ordem recebida. Surgem, assim, os movimentos: locomoção, fala, gestos da mímica, canto, salto etc. Alguns movimentos são automáticos, como os da respiração, do bombeamento do sangue pelo coração e, mais profundamente inconscientes, as contrações peristálticas do intestino. Também, nesse caso, a atuação do Perispírito é inegável. (Lex, 1993, p. 57 a 61)
Atuação nas comunicações mediúnicas: As bilocações dos Espíritos são os fatos marcantes que atestam o desprendimento do Perispírito. Kardec, em Obras Póstumas, diz: "Fica, pois, demonstrado que uma pessoa viva pode aparecer simultaneamente em dois pontos diferentes; num, com o corpo real; em outro, com o Perispírito condensado, momentaneamente, sob a aparência de suas formas materiais". (Lex, 1993, p. 62 a 74)
Em todo o ato mediúnico, o Espírito aproxima-se do médium e o envolve nas suas vibrações espirituais. Essas vibrações irradiam-se do seu corpo espiritual, atingindo o corpo espiritual do médium. A esse toque vibratório semelhante a um brando choque elétrico reage o perispírito do médium.
Na lição de ANDRÉ LUIZ, transmitida por Francisco Cândido XAVIER, o perispírito apresenta-se como uma "formação sutil, urdida em recursos dinâmicos, extremamente porosa e plástica, em cuja tessitura as células, noutra faixa vibratória, à face do sistema de permuta visceralmente renovado, se distribuem mais menos à feição das partículas colóides, com a respectiva carga elétrica, comportando-se no espaço segundo a sua condição específica, e apresentando estados morfológicos conforme o campo mental a que se ajusta." (XAVIER, Francisco Cândido. VIEIRA, Waldo. ANDRÉ LUIZ, Espírito. "Evolução em Dois Mundos". 13a. Ed., Rio de Janeiro: FAB, 1993, p. 26: Cap. II).
Propriedades do Perispírito
Flexibilidade e expansibilidade: são as duas principais propriedades do perispírito. O perispírito não está preso ao corpo, sem poder desprender-se. Em Obras Póstumas, no capítulo sobre manifestações dos Espíritos, 1.ª parte, item 11, lemos: "O Perispírito não está encerrado nos limites do corpo como numa caixa. É expansível por sua natureza fluídica; irradia-se e forma, em torno do corpo, uma espécie de atmosfera que o pensamento e a força de vontade podem ampliar mais ou menos".
Plasticidade: alterações morfológicas que ocorrem em função dos contínuos comandos mentais do Espirito. Em decorrência desta propriedade temos a expansibilidade, que confere expansão e exteriorização do perispírito nos fenômenos de desdobramento e doações fluídicas.
Densidade: propriedade que trata das medidas de peso (ponderabilidade) e de luminosidade (frequência vibratória mental), ambas relacionadas à evolução do Espírito.
Penetrabilidade: capacidade de atravessar barreiras físicas, se presentes as necessárias condições mentais.
Visibilidade: O perispírito é normalmente invisível nos Espíritos encarnados. Os desencarnados menos evoluídos percebem o perispírito dos seus pares e dos Espíritos que lhe são inferiores. A visibilidade é comum nos Espíritos superiores. Os Espíritos podem ser visualizados e tocados por meio da propriedade de tangibilidade, comum nas materializações.
Sensibilidade: propriedade de perceber sensações, sentimentos e emoções. Estas percepções não são captadas por meio de órgãos específicos, mas em todo o corpo perispiritual.
Bicorporeidade (desdobramento): O Espírito “faz-se em dois”, permitindo a visualização do corpo físico e do perispírito.
Unicidade: significa dizer que cada pessoa traz no próprio perispírito a soma das suas conquistas evolutivas. Não há, portanto, dois perispíritos iguais.
Mutabilidade: é a propriedade que permite mudanças no perispírito em decorrência do processo evolutivo. A mutabilidade ocorre no que se refere à substância, à forma e à estrutura perispirituais.
Outras propriedades: projeção de estados íntimos visíveis na aura; manifestação de odores; transmissão de calor ou frio etc.
Os Órgãos do Perispírito
Pela simples observação do corpo físico, pode-se deduzir que o perispírito também possui algo semelhante a órgãos, isto é, conjuntos de moléculas cuja configuração especial é destinada à execução de determinadas funções. Evidentemente, tais aglomerados moleculares são apropriados ao funcionamento na vida extrafísica, promovendo a captação e assimilação de energias e fluidos necessários à sua manutenção, que se processam de maneira essencialmente diversa da vida física.
Por isso mesmo, os órgãos do perispírito não podem ser idênticos aos do corpo denso, mas determinam pelas linhas de força que os caracterizam, a conformação e distribuição funcional destes últimos, os quais estão adaptados à execução e às funções específicas conforme a evolução biológica. Os órgãos do perispírito podem ser lesados pela ação desordenada ou maléfica da mente do ser.
O gênero de vida de cada indivíduo carnal determina a densidade do organismo perispirítico após a perda do corpo denso. O mundo espiritual guarda íntima ligação com o progresso moral que realizamos. Como já vimos anteriormente, à medida que crescemos moralmente, nosso perispírito vai ficando gradativamente mais leve e, assim, podemos nos mover em planos mais sutis.
Modernamente, o perispírito tem atraído o interesse de renomados investigadores, que, inclusive, veem nele um dos mais importantes fatores do processo vital.
Fontes:
http://www.perispirito.com.br/
http://www.espiritismo.org/perisp.htm
http://www.ceismael.com.br/tema/perispirito.htm
http://www.ippb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2654&catid=81
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