sexta-feira, 26 de abril de 2013

As crianças da turma B

Por Herika Sotero

Há muitos anos, um experimento educacional estava sendo realizado em segredo numa escola da Inglaterra. A escola tinha duas salas para alunos da mesma idade. No fim do ano, as crianças prestaram um exame para que, por meio dele, fossem divididas em classes no ano seguinte. Contudo, os resultados do exame jamais foram revelados. Em segredo, com apenas o diretor e os psicólogos sabendo a verdade, as crianças que foram as primeiras colocadas no exame foram colocadas na mesma sala que as que vieram em 4º e 5º, 8º e 9º, 12º e 13º lugar e assim por diante. As crianças que ficaram na 2º e 3º posições foram colocadas em outra sala, com os alunos que vieram em 6º e 7º, 10º e 11º, etc. Em outras palavras, com base nos seus resultados nos testes, as crianças foram divididas igualmente entre as duas salas. Os professores para o ano seguinte foram cuidadosamente escolhidos por terem as mesmas habilidades. Até mesmo as salas de aula apresentavam as mesmas características. Tudo foi feito para ser o amis similar possível, exceto por um detalhe: uma classe foi chamada de “Turma A” e a outra, “Turma B”. 

De fato, as salas tinham crianças com as mesmas habilidades. Mas, na mente de todos, as crianças da Turma A eram as espertas, e as da Turma B… Bem, menos espertas. Alguns dos pais das crianças da Turma A ficaram tão felizes com o desempenho de seus filhos que os presentearam e elogiaram, enquanto pais de alunos da Turma B se mostram decepcionados com seus filhos por estes não terem se dedicado o suficiente e tiraram alguns de seus previlégios. Até mesmo os professores ensinavam os alunos da Turma B de modo diferente, esperando menos deles. Durante todo o ano, a ilusão foi mantida. Então chegou a hora de realizar um novo exame final.

Os resultados foram incríveis, mas não surpreendentes. As crianças da Turma A se saíram muito melhor que as da Turma B. Na realidade, os resultados foram exatamente os que teriam sido se a turma fosse formada somente pelos alunos com o melhor desempenho no último exame. Eles tinham se tornado alunos A. E aqueles do outro grupo, apesar de bons resultados do ano anterior, tinham se tornado alunos B. Foi isso o que disseram a eles durante todo o ano, foi dessa maneira que eles foram tratados e foi nisso que acreditaram – potanto, foi o que se tornaram.

 

Texto retirado do livro: Antes que o dia acabe, seja feliz!
Autor: Ajahn Brahm.
Editora: Fundamento

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