quarta-feira, 29 de junho de 2011

Existe mesmo injustiça?

Por Herika Sotero

Justica

Caros amigos,

O texto a seguir foi retirado da Sociedade Brasileira de Estudos Espiritas, documento número 29. Façam uma boa leitura!

O contato com a realidade do nosso tempo é constante. Somos testemunhas oculares de muitos fatos, leitores ou ouvintes de outros. Para cada notícia temos diferentes reações; ficamos alegres, indiferentes, concordamos ou discordamos. Cada reação decorre da avaliação que fazemos da notícia quanto à sua ”adequação“, isto é, se a julgamos boa ou ruim, construtiva ou destrutiva, certa ou errada, etc. Esta avaliação é individual, e está baseada em conhecimento e valores, ou ainda na noção das leis de causa e efeito. Em muitos casos avaliamos que a situação é injusta, ou seja, que o efeito é incoerente com sua causa. Como um exemplo simples pode-se citar um jogo de futebol onde a equipe A esteve melhor, mas acabou perdendo por um gol feito pela equipe B no final da partida.

Mas o que é injustiça? Pelo exemplo que citamos, uma situação onde o resultado não é coerente com sua causa ou intenção. Para esclarecer tomemos outro exemplo: o motorista A respeita a sinalização, porém sofre um acidente devido ao motorista B, que naquele momento não respeitou a sinalização. Para o motorista A o efeito sofrido é incoerente com seus atos, considerando exclusivamente o respeito à sinalização. Porém é importante lembrar que o respeito às leis não foi a única escolha do motorista A; ambos os motoristas fizeram escolhas que os levaram ao mesmo local.

Percebe-se que a ação isolada de uma pessoa contribui para o resultado, porém não o garante. Outros fatores originários do meio ambiente e do meio social podem influenciar o resultado de uma ação. No exemplo do jogo de futebol, as regras não impedem que uma equipe marque gols apenas por que joga mal. O resultado está de acordo com as regras conhecidas e aceitas por ambas as equipes, e pode ocorrer.

Ao aceitarmos viver em um grupo social aceitamos influenciá-lo e sermos influenciados. Diante desta noção de influência mútua conhecida e aceita, substitui-se o termo injustiça por distorção. No exemplo do jogo de futebol, o resultado não depende somente da equipe A, mas de vários outros fatores, como a atitude da equipe B ou a percepção dos juízes. No exemplo do motorista A, as atitudes de todos os demais motoristas, dos pedestres, entre outros fatores, influenciarão nos desdobramentos da sua vida.

Pelo exposto conclui-se que não existe injustiça, pois cada indivíduo posiciona-se em um meio segundo escolhas decorrentes do seu nível evolutivo, da sua proposta de vida, da sua mentalidade. Logo, está aceitando as influências diversas advindas deste meio, e que certamente poderão distorcer os resultados esperados a partir de suas ações.

Como avaliar então as diversas dificuldades que enfrentamos, ou as diferenças sociais existentes em nossa própria cidade? Certamente um ambiente composto por indivíduos cuja visão restringe-se, em grande parte, a seus interesses pessoais, tenderá a gerar distorções, pois o respeito pelo semelhante ou pelo ambiente não é prioridade. E não sendo prioridade não há por que preservar planos, trajetórias ou equilíbrio de outros. O contrário, que normalmente denominamos de “sociedade justa“, é aquela onde a intenção de um indivíduo sofre pouca distorção devido às intenções dos demais, assim como o equilíbrio do ambiente é preservado. Esta pouca distorção deriva de um sistema que preserva o respeito ao semelhante, à individualidade, à diversidade e ao ambiente.

Com base no princípio do livre-arbítrio, apoiado na visão que a Doutrina dos Espíritos traz sobre Deus, caracterizando-o como “causa primária de todas as coisas“, assim como “justo e bom“, fundamenta-se a noção de que tudo é justo, pois deriva de uma causa justa. A relação entre as diversas causas possíveis e os respectivos efeitos são as leis naturais do ambiente em que vivemos, das quais conhecemos ainda muito pouco, mas que também estão vinculadas à causa primária, que é justa. A situação contemporânea seja nossa individual, seja da sociedade, não necessariamente nos agrada, mas é efeito de nossas próprias atitudes ao longo de nossas existências.

Por fim cabe perguntar quais influências esta reflexão pode ter em nosso cotidiano? Uma delas é a visão mais crítica e menos revoltada sobre o ambiente, que não é injusto, e apenas reflete resultados de nossas diversas ações. Se existem muitas distorções, muitas diferenças, cabe a cada um atuar para reduzi-las, e o primeiro passo é expandir o conhecimento, com base no qual fazemos as escolhas.

Muita Luz e Amor a todos!!

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